domingo, 18 de abril de 2010

Afro-Memória + Pretinhosidade - Matéria publicada no jornal Estado de Minas

Afro-Memória + Pretinhosidade

Conhecido como parceiro de Mart'nália, o compositor e cantor Mombaça lança Afro-Memória Pretinhosidade
A Mart’nália deve ser atribuída a divulgação inicial do trabalho dele. Aos poucos, no entanto, a música de Mombaça, de 50 anos, vai ganhando público – além, claro, de novas parcerias, que vão de João Suplicy e Supla a Ana Carolina, Rogê, Gabriel Moura, Antonio Villeroy, Sandra de Sá e Gilberto Gil. Lançando o álbum Afro-Memória Pretinhosidade, o cantor, compositor e instrumentista carioca vem de carreira independente em que contabiliza três discos, cujo repertório foi registrado, em parte, no novo CD. As inéditas são Obnubilado (com participação da parceira Mart’nália), Pra viver ou morrer de amor (com Lokua Kanza e João Carlos Coutinho) e Denegrir (com Maria Hime, filha de Francis e Olivia Hime).

Suburbano da Zona Oeste carioca, já em Paciência, canção que abre o disco, Mombaça mostra a que veio. “Nós vamos ser sempre namorados/ Porque não importa/ Se o que importou foi a minha indiferença”, canta ele, assumidamente militante da negritude. “Sou de origem humilde. Meu pai é motorista de caminhão, tenho cinco irmãos. Aos trancos e barrancos, consegui chegar às faculdades de história e de jornalismo. Quando fiz história, queria mudar o mundo, mas a única arma que tinha para dar uns tirinhos era exatamente a música, a palavra cantada”, resume.

Sozinho, ele começou a cantar na noite imitando Gilberto Gil, no auge de Banda Um. “Gil também é um cara que tem inquietação danada com a coisa social”, diz. O nome civil Genilson dos Santos foi trocado para Mombaça em homenagem à cidade litorânea do Quênia. “Fui ao mapa da áfrica e fiz uma lista dos nomes que poderia adotar. Gostei da sonoridade de Mombaça”, justifica a escolha do pseudônimo.

Genilson, mais especificamente, começou a cantar cedo, no coral de uma igreja batista. “Na verdade, antes disso cantava em casa, com o conjunto musical de meu pai. Quando chegou a minha hora, o conjunto se desfez e iniciei carreira solo”, revela. Depois da atuação na igreja, ele passou a compor, adotando o bandolim e o cavaquinho, além do violão. A igreja batista ficava ao lado de um centro. “Tinha um culto evangélico, e eu estava ouvindo macumba. Atrás da minha rua, também havia outro. Eu dormia ouvindo as canções de umbanda. Meu primeiro parceiro de música secular, o Orlando José Francisco Júnior, era da umbanda ou do candomblé. Com ele compus o primeiro samba, Compromisso”, relata Mombaça.

Na faculdade, já cantando na noite, ele passou a viver de música e a compor. Até que, nos anos 1990, encontrou Mart’nália num bar de Vila Izabel. “Eu anunciava a presença dela, que dava uma canja, mas sem a menor pretensão de ser cantora”, relembra. Amigos, Mombaça e Mart’nália se tornaram parceiros. Já no álbum de estreia, Minha cara, ela gravou Entretanto.

Balada Pretinhosidade, a composição mais conhecida da dupla, também lançada pela filha de Martinho da Vila, tem história diferente. “Fiz uma canção com cara de samba que ela acabou mudando para balada pop. Sou o sagrado e ela é o profano”, diz Mombaça, orgulhoso da parceria. “Na verdade, tudo é sagrado. Ela tem a coisa da religião brasileira, do candomblé com o catolicismo, como ela mesma declara”.

A formação batista, com direito a repertório sacro e gospel, acabou levando Mombaça à música clássica, que ele curtia em programas da Rádio MEC. “Esse encontro me trouxe o legado do samba, que não tenho”, conclui. Entre o pop e o samba, Mombaça assume a mistura, mas dispensa rótulos: “Posso compor em vários setores. Estou em várias gavetas”. Apostando em Obnubilado como faixa de trabalho do disco solo, ele anuncia o show de lançamento para maio, “com direito a uma turnezinha”.
fonte: Estado de Minas
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11.04.2010

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